26.3.08

Solidão e o Dragão.

Certo dia um dragão acordou em sua caverna com dores por todo corpo.
Principalmente nos olhos. Por tras deles.
Olhou pelos céus e viu a distancia da casa. Ali mora uma princesinha que se diz muito sozinha.As princesinhas esperam principes e essa foi a lógica que aprendeu: toda mulher tem um pouco de princesa.
No entanto elas não são encantadas. Pensam, choram,odeiam,mentem, amam e gemem como qualquer outra. Toda mulher tem um pouco de guerreira, um pouco de medusa.
E sempre por perto, os principes esperam o chamar dos olhos. Sim, pois as palavras enganam. Os principes são guerreiros valorosos que as princesas almejam. Ja os dragões tem seus olhos como premio. A verdade nunca está alem dos olhos.
Ah!Os olhos. Estes nunca mentem.
Problemas surgem quando as princesas olham os dragões nos olhos. Estes sim mostram a furia de sua alma e a força com podem destruir tudo aquilo que o cerca. Mas seus olhos são os mais serenos que se possa olhar. E o dragão sentiu-se desolado. E furioso. Dormiu proximo ao perigo. Onde estava com a cabeça? Milhares de anos não foram suficientes para possuir sabedoria? Irritou-se consigo mesmo, pois mais uma vez expôs seu ponto fraco. Foi tolo novamente.
A princesa não era uma qualquer. Uma guerreira. Arrancou á força o que o dragão guarda de mais precioso: o seu amor.
A princesa com sua voz de mel, atingiu certeira o local de sua dor : os dragões estão fadados á companhia de Solidão. Derrubou-lhe com golpes mortiferos e perspicazes. Mandou calar-se. Ordenou que sucumbisse. E esperasse. Com olhar sereno, o dragão retornou ao covil ao amanhecer. Fraco e derrotado.
Como sangrou. A batalha foi dura. O dragão faz tudo com o que lhe é mais caracteristico. Sua furia está presente em tudo. Sentiu-se amargo.
Ela o chama outra vez.
"Agora não serei tolo. Arrancarei meus olhos e não cairei novamente na armadilha."
Pronto para a batalha, o dragão espera aos sons dos violões. E decepciona-se.
"Onde está a batalha? Onde está a guerreira?" E sua honra? Como consegui-la de volta?
A furia retorna e o dragão busca sabedoria em braços amigos. E a serenidade retorna aos seus olhos cegos.A cegueira é melhor por que não vemos a alma dos outros. Os espelhos d'alma simplesmente quebram.
Então, Solidão chega uma vez mais ao dragão desonrado.
-Por que te irritas comigo companheiro? Sentiu-se várias vezes assim, mas nunca abri mão de meu abraço. Ninguem nunca é grande o suficiente para meu abraço.
-Tua presença sempre é motivo de fracasso.
-Não culpe a mim pelo seu estado. A imortalidade é um fardo que terei que suportar, mas nunca sozinho. Deverias entender com essa mente de aço.
-Aparecer na pior das horas: sempre após as batalhas, trazendo escarro.
-Se não foste sábio o suficiente para guardar a honra, deverias ja ter desistido das guerras. Na rua, a luta continua e a guerra se trava por onde levas teu carro.
-Desistir?

E o dragão medita sobre a opção. Entregar-se ao abraço? Novamente? Várias guerras perdidas. Desonras consecutivas. Dores interminaveis. A opção aparece atraente.
-Tentarei mais uma vez alguma batalha. E se fracassar novamente, me entregarei ao teu consolo e assim permanecerei.
-Sabes que estarei sempre por perto amigo.
-É...Infelizmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário