3.5.08

O moço dos beijos cinzentos









Eu senti tanta falta dele quando eu sai da nossa casa. Foi de uma vez. Mas não foi pra sempre. Sempre não foi sempre. Eu sempre volto. E ele nada.
Mês sim tem recaida e me liga. Mês não me passa e me esquece. Mês sim diz que me ama e quer estar comigo. Mês não simplesmente não. Como é confuso esse rapaz. Até parece uma moça.

Mas eu não sou nenhuma santa. Eu também tenho olhos e tesão também. Me masturbo pra sentir o prazer que não soube me dar. Talvez não sabia. Talvez não queria. E os outros olhos que olhei também me completaram e também sofri pelos outros... e pelas outras. Não fiquei sozinha durantes esses meses. Esses anos. E esqueci. Pareceu séculos a ultima vez que realmente o olhei com paixão.
E a ultima vez em que fui em sua casa.

'Estou aqui por você!", ele diz. "Sua presença me acalma.", eu digo. E não deixa de ser verdade. Uma calmaria morta e fria. E o beijo sem paixão nenhuma e até com certo nojo. A sua boca ainda tem gosto de cigarro e o seu cheiro ainda é de suor de ontem. Não mudou muita coisa. Os móveis estão em outras posições. Alguns até faltam. Deve ter vendido a luminária que dei de presente, pois ali não estava mais.

Antes eu fazia amor com ele. Hoje só transei. Não foi nada. Foi até igual. Sem prazer e gosto. Coisa morta e empoeirada. Sua cara de prazer em minha frente não me deu nenhuma reação. E penso no outro moço. Aquele com quem estava fazendo amor ontem. Não me disse palavras de consolo ou apaixonadas. Só me deixou raiva e com ódio do amor. Não me ama, mas me quer. E choro na transa.

Falo pro moço de beijo cinzento que eu volto.

E saio de lá com a certeza de que o amor não existe nesse mundo.

Tudo é mentira...

Tudo é conversa fiada.

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