21.4.08

O morador do precipicio.


- Hein?

Velho grosso e mal educado, Moura caminha sempre a beira do precipicio alguma hora do dia. Não ...não é porque ele quer se suicidar ou qualquer outra tolice interna. Ele não pensa em nada em relação à sentimentos. Não mais. Pensar nisso é muito recursivo. Um pensamento puxa outro e acaba voltando ao começo e fica em um loop infinito. E recursivo ainda, sempre tendo um overflow de memoria.
Por isso ele deixou de pensar nisso.

Por isso ele anda no precipicio todo dia. O medo de altura, e da morte, faz lembrar que a vida é mais util quando se vive.

- Hein? Ta olhando o que?

E chutou o gato no precipicio:

- Cai em pé agora!! Huahahahahaha!

Não deu outra: meia hora depois e diabo do gato aparece no mesmo local de antes. E Moura fica indignado com isso e resolve fazer uma experiencia. Um tanto grotesca e grosseira. Cruel, mas tudo pelo bem da ciencia(ou da cabeça dele mesmo, ja que a ciencia nunca foi sua ciencia).
Jogou agua quente no gato chato. E o bichinho ficou agonizando enquanto seu pelo caia.

E chutou o gato no precipicio:

- Cai em pé agora, porra!! Huahahahahaha!

O gato não voltou.

Sem mais devaneios Moura foi pra sua cabana. E uma chuva impiedosa massacrou sua choupana, enquanto o terreno ia sofrendo deslizamentos até que tudo desabou no precipicio.

Até parecia que Deus o tinha chutado no precipicio:

-"Cai em pé agora, porra!! Huahahahahaha!"

O Moura não voltou.

Um comentário: